Já há algum tempo que eu desejo compartilhar o que percebo que mais impacta em empresas jovens de base tecnológica ou de uso intensivo de conhecimento – as também chamadas start ups, grupo no qual minha empresa se encaixa. Empresas como a nossa, em geral, desenvolvem produtos inovadores, que nem sempre encontram similar no mercado, às vezes nem mesmo temos concorrentes diretos, seja no mercado interno ou fora. A ideia de não ter concorrente por perto pode parecer atrativa, desde que tenhamos condições de nos apropriar das oportunidades. Algo que o momento econômico do país parece estar oferecendo. Mas não é tão simples.
Ao ler uma edição recente da britânica The Economist, vi ali exposto algo que eu já percebia, mas não com a retumbância devida: nossas start ups vão ter que lutar com equivalentes americanas e europeias em nosso próprio mercado. A crise econômica que assola os EUA e a UE está fazendo com que suas start ups estejam sendo estimuladas (com financiamento) a explorar mercados emergentes – leia-se China, Índia e… Brasil! Mas, calma, porque tem mais.
Não raro ocorre das empresas que estão tentando entrar na China terem seus projetos copiados, e muitas vezes acabam tendo que recomprar desses copy cats os desenvolvimentos que eles mesmos fizeram. Alguém já disse que ser copiado é a maneira mais honesta de ser elogiado. Mas eu, que já fui pirateado três vezes, me incluo no grupo
que dispensa esse tipo de reconhecimento. Essa “defesa” chinesa torna nosso mercado ainda mais atrativo, e a isso temos que pensar que dentre os BRIC o Brasil é o país com perfil cultural mais próximo do ocidental – o mesmo dos EUA e EU, e isso se traduz em oportunidades (para eles).
Mas, do que precisamos? De crédito e financiamento. Esta semana fui a evento onde uma ex membro da OMC criticava os incentivos dados pelos governos às empresas. Resolvi perguntar como é possível investir em inovação e P&D sem subsídios – e a roda pegou fogo. É fato que atividades inovadoras demandam por investimento e isso não se paga de imediato. Aqui no Brasil temos um edital da FINEP por ano, e agora os investidores privados estão começando a se apresentar.
Ainda é muito pouco.
O recém criado Ministério da Micro e Pequena Empresa precisa virar realidade, e implementar políticas consistentes de incentivo. A ampliação da FINEP precisa acontecer e já passa da hora do BNDES se aproximar das PMEs.
Por isso, empreendedores, agora precisamos correr. Dobrado.